Leia o texto e responda às questões 1 a 4:
A América do Sul
A América do Sul compreende doze países — Argentina, Chile, Uruguai, Brasil, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname — e um departamento francês ultramarino, a Guiana Francesa. Um dos traços importantes do território da América do Sul é o desequilíbrio na distribuição de sua população, não somente entre os países, como representado no mapa à direita, mas também por haver regiões pouco povoadas, como a Patagônia, na Argentina, a região Amazônica, no norte da América do Sul, e as áreas desérticas do Chile.
.
URBANIZAÇÃO DA AMÉRICA DO SUL
A urbanização, fenômeno relativamente recente na
América do Sul, tem se intensificado nos últimos anos. A maior parte dos países
sul-americanos apresenta taxas de urbanização superiores a 60%, com exceção do
Paraguai e da Guiana. Em muitos países sul-americanos, observa-se um fenômeno
de grande concentração populacional nas áreas metropolitanas de suas principais
cidades. Algumas delas abrigam grande parte da população nacional, como é o
caso de Montevidéu, cuja região metropolitana concentra quase 50% da população
total do Uruguai.
Em muitos países, a urbanização acelerada
(resultado, em parte, das transformações da produção agropecuária e dos
processos de industrialização) fez com que as cidades crescessem de maneira
desordenada e sem a infraestrutura necessária para abrigar os grandes
contingentes de população que para elas se dirigiram. O resultado desse
processo foi a expansão das periferias, a favelização, a falta de empregos e a
precariedade das condições de vida de parte dos habitantes dos grandes centros
urbanos. Apesar disso, a pobreza nas cidades vem apresentando queda. importante
lembrar que as atividades industriais existentes em muitas cidades dessa região
ainda impactam fortemente o meio ambiente e a vida das pessoas. A poluição do
ar, gerada pelas indústrias e por seus produtos, como os automóveis, contribui
significativamente para a ocorrência de diferentes doenças respiratórias, além
da formação, nessas áreas urbanas, das chamadas ilhas de calor e da chuva
ácida. Esses processos ocorrem, por exemplo, em muitas cidades industriais do
Sudeste brasileiro. A contaminação das águas, em geral associada ao despejo
inadequado de produtos utilizados em indústrias, resulta na morte de diversas
espécies de animais que vivem nos rios (em áreas urbanas e próximo a elas) e em
suas margens. Os seres humanos, quando consomem animais aquáticos de locais
contaminados, também se contaminam e apresentam problemas de saúde.
1) Observando o mapa elabore uma lista citando os 12 países da América
do Sul e suas respectivas capitais.
2) Como são as taxas de urbanização dos países da América do Sul?
3) Que fenômeno populacional é observado nos países da América do Sul?
4) Qual o resultado das transformações ocasionadas pela agropecuária e dos processos de industrialização?
Leia a reportagem e responda às
questões 5 a 12:
O que faz Paraguai e Uruguai serem casos de sucesso no combate ao coronavírus
na América do Sul?
RFI RFI 28 DE MAIO DE 2020
Mesmo na região que se tornou o epicentro do
coronavírus no mundo, dois vizinhos do Brasil se destacam pelo sucesso de suas
estratégias, uma oposta a do outro, para obterem os melhores resultados com um
número mínimo de vítimas. O coronavírus faz da América do Sul o seu novo
epicentro no mundo, mas, mesmo na região com maior desigualdade social do
planeta, existem realidades contraditórias. Enquanto a situação é alarmante no
Brasil, Peru, Equador e Chile, há outro bloco de países que tem conseguido
controlar a doença: Paraguai, Uruguai, Colômbia, Bolívia e Argentina. Desse
grupo, há dois casos de grande sucesso: Paraguai e Uruguai. São países que, nos
últimos dias, começaram a flexibilizar as restrições e avançam ao chamado “novo
normal”. Mas, apesar do sucesso em comum, Paraguai e Uruguai aplicaram
estratégias opostas.
O Paraguai tem 884 casos, 11 mortes e uma taxa de
letalidade de 1,24%. O governo percebeu logo cedo quais eram as suas
vulnerabilidades e agiu imediatamente aplicando medidas drásticas. O país foi o
primeiro na região a determinar uma rígida quarentena total, com toque de
recolher, em 11 de março. A capital Assunção ficou isolada: ninguém entrava,
ninguém saía. O governo paraguaio se antecipou à precariedade social do país em
matéria de moradia e de saneamento básico, além da fragilidade de um sistema de
saúde que contava com apenas 800 leitos de UTI para 7,2 milhões habitantes.
Foram incorporados mais 200 leitos, uma quantidade insuficiente para atender a
avalanche que se previa: 15 mil mortos em maio. Mas, se socialmente o Paraguai
estava à mercê do vírus, geograficamente foi bem protegido. Comparado com os
seus vizinhos, Brasil e Argentina, o país tem poucas conexões aéreas
internacionais. “Graças à sua localização geográfica e à menor conexão com o
mundo, o Paraguai ficou isolado. Nesse sentido, pode ser parecido com a
Bolívia: menos turismo e menor conectividade. Mas os números do Paraguai
realmente surpreendem”, explica à RFI o analista internacional, Simón Pachano,
quem se tem debruçado sobre os números e as curvas de cada país da região. No
começo deste mês, o governo começou a aplicar a chamada “quarentena
inteligente”, que implica em uma gradual flexibilização das restrições. Nesta semana,
o Paraguai abriu 83% do seu comércio e passou a permitir atividades físicas e
até transporte público. No mês que vem, voltarão os jogos de futebol sem
público e a reabertura dos templos. A volta às aulas, no entanto, ainda não tem
data.
O Uruguai tem 803 casos, 22 mortes e uma taxa de
letalidade de 2,74%. Foi o último país da região a registrar um caso de
coronavírus. No dia 13 de março, anunciou quatro casos. No dia 24, começou uma
estratégia única: a chamada “quarentena voluntária”. Ao contrário dos países
vizinhos, o governo uruguaio sugeriu medidas de isolamento social e só proibiu
as atividades que representassem aglomerações, como espetáculos. Até os
velórios puderam continuar, desde que com algumas restrições. Essa abordagem
veio acompanhada de outra grande diferença com todos os demais países da
região: o comportamento social. A população acatou a recomendação com uma
consciência cidadã única. Foram os comerciantes que decidiram fechar as lojas.
“O Uruguai é um país de uma trajetória muito republicana, de valorização
cidadã, com um grau de princípios básicos de convivência. O governo deixou nas
mãos da população a responsabilidade cidadã que sempre existiu no Uruguai. Do
outro lado, o Paraguai é um país que quase não teve democracia na sua história.
Cada um refletiu as suas condutas históricas”, compara Simón Pachano, da
Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO). O sucesso uruguaio
também se baseia nos melhores índices sociais da região. Praticamente, a
totalidade dos uruguaios tem acesso ao saneamento básico e à rede hospitalar. O
sistema de saúde é sólido, universal e inovador: conta com uma eficaz rede de
atendimento domiciliar que evitou a necessidade de as pessoas irem aos
hospitais para serem atendidas, correndo risco de contágio. O país também
realizou uma quantidade expressiva de testes diários. A densidade demográfica
também contribuiu com esse cenário. Metade dos 3,4 milhões de habitantes se
concentra em Montevidéu. “O tamanho da população ajuda muito para se chegar com
qualquer campanha a todos”, observa Pachano. No início do mês, o país reabriu
as escolas no interior e, a partir da semana que vem, voltam a funcionar todas
as escolas numa combinação de aulas presenciais e aulas virtuais, também de
forma voluntária. Com o dobro da população do Uruguai, mas com metade das
mortes, o “lockdown”paraguaio teve mais sucesso. A taxa de letalidade do país
também é a metade da uruguaia. A letalidade maior do Uruguai pode ser explicada
também pelo perfil da população. O Uruguai tem a maior quantidade de idosos da
região, um segmento de alto risco. Quase 20% da população tem mais de 60 anos.
Desses, 10% tem mais de 85 anos. “Além de uma maior consciência cidadã, a
população uruguaia é mais adulta. Isso implica maior responsabilidade perante a
própria vida. Há menos possibilidade de reuniões com amigos, festas e
aglomerações”, avalia o analista Simón Pachano, da FLACSO. No entanto, numa
eventual segunda onda de contágio, as chances do Uruguai contornar a situação
serão maiores graças à sua infraestrutura mais sólida. “O Paraguai vai precisar
de medidas duras novamente”, acredita Pachano.
5) Que países da América do Sul são citados na reportagem?
6) O que o Paraguai fez para se proteger do coronavírus?
7) Como são as condições paraguaias de moradia e saneamento básico?
8) A reportagem diz que o Paraguai “geograficamente foi bem protegido”,
assim como a Bolívia. Quando observamos o mapa da América do Sul, o que faz o
Paraguai e a Bolívia serem diferentes dos demais países do continente?
9) O que o Uruguai fez para se proteger do coronavírus?
10) Que características do Uruguai são destacadas na reportagem que
favoreceram a sua proteção contra a doença?
11) Como a densidade demográfica do Uruguai contribuiu para a luta
contra a doença?
12) Como é o perfil da população Uruguaia?
Leia o texto
para responder as questões 13 a 29.
O PASSADO
COLONIAL E ECONOMIA DA AMÉRICA DO SUL
Até o século XIX,
os países da América do Sul eram
colônias de países europeus. E neste século, as populações após inúmeros conflitos
puderam concluir o seu processo de independência. No Brasil, o processo de
independência foi negociado entre o herdeiro
do trono português e os comerciantes e grandes fazendeiros brasileiros,
os quais vinham ganhando força política. Esse
passado colonial foi, em grande parte, responsável pela desigualdade econômica
e social dos países sul-americanos, em virtude da dependência das colônias em
relação às metrópoles e do papel essencial que exerciam no fornecimento de
minérios e produtos agrícolas. Após a independência, muitos continuaram como
exportadores de produtos primários. Além disso, a herança colonial da
concentração de terras permanece em diversos países. A economia sul-americana
está concentrada na exportação de commodities (matérias primas que são artigos de comércio que não sofrem processo de
alteração). Brasil, Argentina, Colômbia, Venezuela e Chile
concentram cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) do subcontinente.
Em 1929, uma crise econômica abalou profundamente os Estados
Unidos e os países da Europa, que importavam matérias-primas e produtos
agrícolas e exportavam produtos industriais para os países da América do Sul. Com Estados Unidos e Europa em crise,
os países da América do Sul (exportadores de produtos agrícolas e de matérias-primas)
perderam seus principais mercados. As importações
também caíram, revelando dificuldade de acesso aos produtos industrializados
que eram comprados da Europa e Estados Unidos.
Com dificuldade de exportar e importar, a crise levou os governos dos países
tomar medidas de estimulo á industrialização
em substituição as importações. Governos
nacionalistas de países com Brasil,
Argentina e Chile criaram estruturas para o desenvolvimento da indústria e ofereceram-lhes financiamento,
propiciando décadas de crescimento.
O Brasil, maior economia da América do
Sul, apresenta desenvolvido parque industrial e agricultura moderna, com
destaque para o agronegócio. Em 2017, o PIB do Brasil foi de 2 trilhões de
dólares, o da Argentina 638 bilhões de dólares e o da Colômbia 309 bilhões de
dólares. Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela e Uruguai são os países
mais industrializados da América do Sul.
A agricultura exerce papel fundamental
na economia de diversos países, como Colômbia (café), Argentina (trigo) e
Equador (alimentos tropicais e flores). No Chile, a abertura de mercado e a
implementação do modelo exportador levaram à transformação da agricultura,
apoiada em elevada tecnologia. Brasil, Argentina, Chile e Uruguai são os
principais produtores na pecuária. Enquanto na região dos pampas argentinos e
no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil se destaca a criação de bovinos, Chile
e Uruguai estão entre os maiores criadores de ovelhas. A pesca representa um
importante setor econômico no Peru e no Chile. A América do Sul apresenta
grande diversidade de recursos minerais e energéticos. Atividades industriais
ligadas a esse ramo são extremamente importantes para Venezuela, Bolívia,
Colômbia, Peru (petróleo, gás natural, pedras e metais preciosos), Chile,
Brasil e Argentina (cobre, bauxita e minério de ferro, entre outros).
A
Venezuela depende bastante da exportação de hidrocarbonetos (petróleo), com
isto, o país é bastante vulnerável as oscilações dos preços desse produto.
Muitos países têm buscado fontes renováveis de
energia, por gerarem baixos índices de poluição: solar, eólica (vento),
biomassa (matéria orgânica), geotérmica (calor do interior da Terra) e
hidrelétrica (água). Alguns países sul-americanos têm se destacado na produção
de energia de fontes renováveis, principalmente Brasil e Argentina. O Brasil é
o segundo país no ranking mundial em capacidade de produção de energia por meio
de hidrelétricas, dado seu potencial em recursos hídricos. Além disso, é o
segundo maior produtor mundial de energia de biomassa (depois dos Estados
Unidos), em virtude dos investimentos nos setores de biodiesel e etanol.
Recentemente, a Argentina também tem investido maciçamente na produção de
biodiesel.
A pobreza vem diminuindo na América do Sul. Chile e
Uruguai, por exemplo, apresentam índices de pobreza muito baixos. A situação
econômica no subcontinente teve dois momentos marcantes nas últimas décadas: 1)
anos 1990: quando foram adotadas políticas neoliberais, incentivadas pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial, que exigiram medidas para
estabilizar a economia, como corte nos gastos sociais, controle da inflação e
abertura da economia para a entrada das transnacionais; 2) anos 2000: quando
políticas públicas de inclusão social conseguiram diminuir a pobreza em vários
países do continente sul-americano.
13) Como era a situação dos países sul americanos até o século XIX?
14) Como foi negociado o processo de independência do Brasil?
15) Por que o passado colonial dos países da
América do Sul seria apontando como responsável pela desigualdade econômica e
social dos países sul-americanos?
16) Que dificuldades a crise de 1929 ocasionou para
os países da América do Sul?
17) O que muitos países da América do Sul fizeram
para sair da crise de 1929?
18) Em que está concentrada a economia da América
do Sul?
19) Quais são os países que concentram 80% do PIB
do subcontinente?
20) Como é a economia do Brasil?
21) Quais são os países mais industrializados da
América do Sul?
22) Que produtos agrícolas se destacam na Argentina,
Colômbia e Equador?
23) Como Brasil, Argentina, Uruguai e Chile se
destacam na pecuária?
24) Por que a Venezuela seria bastante vulnerável
as oscilações dos preços do petróleo?
25) Por que muitos países têm buscado investir em
fontes renováveis de energia?
26) Quais são os dois países sul-americanos que se
destacam na produção de energia de fontes renováveis?
27) Como está situado o Brasil na capacidade de
produção de energia por meio de hidrelétricas e de biomassa?
28) Que países apresentam níveis de pobreza muito
baixos?
29) Cite e explique os dois momentos marcantes da
economia do subcontinente sul-americano nas últimas décadas.
30) Assista o vídeo: Mercosul – TV Brasil
parte 1
Ele pode ser visto neste endereço: https://www.youtube.com/watch?v=leeR5T6R_eI
Escreva
um texto sobre o que você assistiu entre 5 e 15 linhas.
Leia o texto e responda às questões
31 a 34.
Mercosul (Mercado Comum do Sul) –
objetivos e controvérsias
O objetivo principal do Mercosul é
estimular o aumento das trocas econômicas entre os países-membros, além de
atuar em bloco no comércio com outros países e regiões. Pelo tamanho de suas
economias e pelo volume de trocas comerciais que realizam entre si, Brasil e Argentina
lideram o bloco. O comércio entre os países-membros tem aumentado
constantemente desde a criação do bloco, estimulado pela redução de tarifas
alfandegárias. Hoje o Mercosul abrange as principais economias da América do
Sul, constituindo o principal bloco econômico dessa porção do continente. Além
da integração econômica (que envolve não apenas produtos, mas também
matéria-prima e energia), busca-se maior integração política e cultural. Em
2017, o conselheiro econômico e comercial da Embaixada da China no Uruguai declarou
que seu país pretende negociar um tratado de livre comércio com o Uruguai, que
impactaria o Mercosul (já que o Uruguai pertence ao bloco), ou realizá-lo
diretamente com o bloco. Movimentos sociais do Brasil e de outros países da América
do Sul apresentam, há anos, diferentes críticas acerca do modelo de
desenvolvimento do Mercosul. Segundo eles, entre as principais questões está a
integração baseada exclusivamente em relações comerciais, o que não atende a
determinados direitos dos trabalhadores, uma vez que não há legislação trabalhista
comum ao bloco nem avanços em questões que tratem das condições de trabalho. Em
2017, após a aprovação da reforma nas leis trabalhistas no Brasil, o governo uruguaio
demonstrou preocupação com as possíveis consequências da reforma, por
considerar que os direitos dos trabalhadores são afetados. Isso altera,
consequentemente, as regulações dentro do bloco, uma vez que interfere
diretamente em relações entre os países-membros.
31) Qual o objetivo principal do Mercosul?
32) Quais são os países que lideram o bloco e por
que?
33) Que tipo de críticas tem feito os movimentos
sociais sobre o modelo de desenvolvimento Mercosul?
34) Qual a preocupação do Governo do Uruguai com a reforma trabalhista brasileira de 2017?
Comentários
Postar um comentário